Último Capítulo da Primeira Temporada, aqui.
01. Escadas Traiçoeiras
A música tocava pelo salão, eu dançava à vista de todos, a liberdade que sentia era indescritível, a facilidade com que eu expressava as minhas emoções no corpo deixava todos rendidos ao meu desempenho. O meu sonho estava a realizar-se naquele momento, estava na sala mais consagrada do mundo a mostrar o meu talento inato a todos, um salto, um estalar de dedos, uma pirueta, o suor a descer-me pelo peito, uma dor, a falta de ar, a escuridão ... Acordei na cama paralisado como nos últimos seis meses, devo ter gritado porque nesse momento apareceu a minha avó materna a dizer para eu não gritar porque era de madrugada enquanto na cama ao lado, o meu irmão gémeo, Isaac, tentava acalmar-me.
Desde o acidente tinha-me instalado em casa da minha família onde moravam os meus pais, os meus irmãos e a minha avó. O Isaac recusava-se a deixar-me ficar sozinho em minha casa e convenceu a família a acolher-me, ele era o único de quem eu gostava e sentia algum carinho, todos os restantes elementos desprezam-me e eu a eles. Uma das condições imposta pelos restantes para eu ficar lá em casa era que teria de ficar no quarto dele, como quando éramos adolescentes.
A velha continuava a olhar para mim com o sorriso mais cínico que tinha, não gostava que eu tivesse ali mas ao mesmo tempo era um gozo eu ter ficado paraplégico mal sabia ela que já não era completamente verdade ...
Desde o dia em que despertara naquela clínica, há seis meses atrás, não passou um dia em que não fizesse fisioterapia para quem sabe poder voltar a andar. Só os fracos desistem de tentar!
Finalmente tinha desistido de estar ali a espiar na ombreira da porta, despediu-se do meu irmão com um beijo e regressou ao seu quarto, o Isaac sentou-se à beira da minha cama para falarmos.
- Foi o mesmo sonho? - Quis saber, visivelmente preocupado comigo.
- Sim! A merda é sempre a mesma. Nunca irei livrar-me deste pesadelo! E depois ainda tenho uma família que me adora como podes ver. - Ironizei.
- Eu estou sempre aqui mano! - A seguir deu-me um abraço, algo que já não fazia há imenso tempo o que me deixou quase sem palavras.
- Obrigado.
- Agora tenta descansar! Amanhã é um novo dia ... - Disse ele com confiança.
- É só mais um igual a tantos outros! - Afirmei.
- Gostava de te apresentar a minha nova namorada, isto se não te importares. - Ficou um pouco envergonhado, mas confesso que a cara dele deu-me vontade de rir.
- Então é por isso que andas diferente ultimamente, muito bem maninho! E como é que ela se chama?
- Não ando nada diferente, estou igual! Chama-se Arya.
Algumas horas depois acordei, o Isaac já se vestia, a minha roupa estava aos pés da cama, desde o primeiro dia que ele a colocava lá para me ajudar. Com alguma dificuldade lá me fui vestindo, ele ainda perguntou se eu precisava de ajuda mas esta era uma tarefa que eu tinha de fazer sozinho para ter alguma autonomia.
O principal obstáculo naquela casa eram as escadas, não tinha como as subir ou descer sozinho por isso precisava sempre da ajuda dele. Como consequência, desde o primeiro dia que sempre fizera as refeições no quarto, sentado junto à secretária. Esta foi outra condição imposta por eles, se quisesse comer teria de contribuir para tal. Nunca percebi o ódio que eles me tinham, sendo igual ao meu irmão, nunca conseguiram gostar de mim como dele. Certo dia até ouvi do meu pai que devia ter morrido no dia em que nasci.
Depois do pequeno-almoço, o Isaac precisou de sair, fiquei em casa sozinho com a desgraçada da velha e o resto da minha família.
Era nestes momentos de solidão que aproveitava para por o meu plano de vingança em prática, apesar de todos estes meses incapaz de me vingar iria chegar o dia em que a pessoa que me atropelou iria pagar com a sua vida mas até lá preparava detalhadamente toda a ideia, de repente e sem bater a velha entrou pelo quarto.
- Oh deficiente sabes dizer-me onde é que o teu irmão tem a chave extra cá de casa? - Resolvi ignorá-la e continuar a olhar pela janela, a minha vontade de a esganar aumentava, sentia uma ligeira necessidade de ouvir os seus ossos do pescoço a partirem-se. - Para além de paraplégico agora também ficaste surdo? - A minha paciência estava a chegar ao fim.
No segundo seguinte senti a sua mão a agarrar-me nos cabelos e a puxar, levantei a mão e agarrei-a no pulso.
- Nem sonhe voltar a tocar-me! Eu mato-a! - Ameacei enquanto lhe apertava o pulso.
O choque no seu rosto foi imediato, riu-se, virou-me as costas e saiu.
Respirei fundo e tentei controlar a minha vontade de a calar de vez, mas já não dava era mais forte do que eu. Uma ideia surgiu-me, teria de sofrer um bocadinho mas iria compensar. Ao longe vi que o meu irmão estava a chegar, estava na hora de passar à ação, dirigi-me com a cadeira de rodas para o quarto da velha e entrei sem bater, ela olhou para mim e começou logo a questionar.
- Não sabes bater à porta deficiente? - A sua voz transparecia nojo.
- Aprendi a boa educação com os melhores. - Respondi ironicamente.
- Sempre te deram tudo aqueles dois que estão lá em baixo. O que devias fazer era desaparecer da nossa vida. - Disse ela exaltada.
- Eu prometo que desapareço depois da senhora! - Ri-me na cara dela.
- Insolente! Nunca devias ter nascido, o Isaac é suficiente! - Ouvi a porta da rua a bater.
- Quando é que morre? Vou ficar tão feliz no dia do seu enterro! - E com esta provocação saí do quarto. Tal como tinha previsto ela foi atrás de mim, estávamos no corredor, ela chamava-me deficiente, fui para o pé das escadas, os gritos faziam-se ouvir pela casa toda.
- Volta aqui deficiente! Seu cobarde. - Gritava ela.
- Pare de me chatear, eu não lhe fiz nada. - Respondia também alto.
- Vais rezar para não teres nascido! - Ameaçou ela.
Ouvi os passos a aproximarem-se no piso inferior, a velha agarrou-me e eu gritei.
- Não! Por favor não faça isto. Pare por favor! - Ela olhava para mim sem perceber nada, eu tinha-a agarrado para não me soltar, quando vi que se estavam a aproximar, lancei-me contra o vazio das escadas largando a velha, senti o impacto quando bati nos degraus e rolei escadas abaixo.
- Você tentou matar o meu irmão! - Foi a última coisa que ouvi do Isaac antes de desmaiar.
Acordei poucas horas depois no hospital, o Isaac estava sentado a olhar para mim.
- Como estás?
- Dorido, mas acho que bem! - De repente senti uma coisa que já não sentia há seis meses, comichão nas pernas, discretamente cocei, ele não percebeu.
- Eu sempre percebi que a avó nunca gostou muito de ti mas jamais pensei que fosse capaz de te matar. - Exprimiu ele o seu pensamento.
- Onde é que ela está? - Questionei interessado.
- No único sitio onde os loucos devem estar! - Respondeu rapidamente. - No hospício!
Por dentro senti uma enorme satisfação, confesso que até correra melhor do que esperava. Mas mesmo assim ainda não estava completamente agradado, ela merecia pior.
Mudando para um assunto mais interessante dele disse. - Parece que o encontro com a tua namorada tem de ficar para outro dia, lamento.
- Não há problema! Ela entende. - Depois sorriu.
Na minha cabeça só me passavam imagens da velha com roupas brancas e a gritar, tive vontade de rir mas não o fiz.
Nesse momento tomei uma decisão ...
Desde o dia em que despertara naquela clínica, há seis meses atrás, não passou um dia em que não fizesse fisioterapia para quem sabe poder voltar a andar. Só os fracos desistem de tentar!
Finalmente tinha desistido de estar ali a espiar na ombreira da porta, despediu-se do meu irmão com um beijo e regressou ao seu quarto, o Isaac sentou-se à beira da minha cama para falarmos.
- Foi o mesmo sonho? - Quis saber, visivelmente preocupado comigo.
- Sim! A merda é sempre a mesma. Nunca irei livrar-me deste pesadelo! E depois ainda tenho uma família que me adora como podes ver. - Ironizei.
- Eu estou sempre aqui mano! - A seguir deu-me um abraço, algo que já não fazia há imenso tempo o que me deixou quase sem palavras.
- Obrigado.
- Agora tenta descansar! Amanhã é um novo dia ... - Disse ele com confiança.
- É só mais um igual a tantos outros! - Afirmei.
- Gostava de te apresentar a minha nova namorada, isto se não te importares. - Ficou um pouco envergonhado, mas confesso que a cara dele deu-me vontade de rir.
- Então é por isso que andas diferente ultimamente, muito bem maninho! E como é que ela se chama?
- Não ando nada diferente, estou igual! Chama-se Arya.
Algumas horas depois acordei, o Isaac já se vestia, a minha roupa estava aos pés da cama, desde o primeiro dia que ele a colocava lá para me ajudar. Com alguma dificuldade lá me fui vestindo, ele ainda perguntou se eu precisava de ajuda mas esta era uma tarefa que eu tinha de fazer sozinho para ter alguma autonomia.
O principal obstáculo naquela casa eram as escadas, não tinha como as subir ou descer sozinho por isso precisava sempre da ajuda dele. Como consequência, desde o primeiro dia que sempre fizera as refeições no quarto, sentado junto à secretária. Esta foi outra condição imposta por eles, se quisesse comer teria de contribuir para tal. Nunca percebi o ódio que eles me tinham, sendo igual ao meu irmão, nunca conseguiram gostar de mim como dele. Certo dia até ouvi do meu pai que devia ter morrido no dia em que nasci.
Depois do pequeno-almoço, o Isaac precisou de sair, fiquei em casa sozinho com a desgraçada da velha e o resto da minha família.
Era nestes momentos de solidão que aproveitava para por o meu plano de vingança em prática, apesar de todos estes meses incapaz de me vingar iria chegar o dia em que a pessoa que me atropelou iria pagar com a sua vida mas até lá preparava detalhadamente toda a ideia, de repente e sem bater a velha entrou pelo quarto.
- Oh deficiente sabes dizer-me onde é que o teu irmão tem a chave extra cá de casa? - Resolvi ignorá-la e continuar a olhar pela janela, a minha vontade de a esganar aumentava, sentia uma ligeira necessidade de ouvir os seus ossos do pescoço a partirem-se. - Para além de paraplégico agora também ficaste surdo? - A minha paciência estava a chegar ao fim.
No segundo seguinte senti a sua mão a agarrar-me nos cabelos e a puxar, levantei a mão e agarrei-a no pulso.
- Nem sonhe voltar a tocar-me! Eu mato-a! - Ameacei enquanto lhe apertava o pulso.
O choque no seu rosto foi imediato, riu-se, virou-me as costas e saiu.
Respirei fundo e tentei controlar a minha vontade de a calar de vez, mas já não dava era mais forte do que eu. Uma ideia surgiu-me, teria de sofrer um bocadinho mas iria compensar. Ao longe vi que o meu irmão estava a chegar, estava na hora de passar à ação, dirigi-me com a cadeira de rodas para o quarto da velha e entrei sem bater, ela olhou para mim e começou logo a questionar.
- Não sabes bater à porta deficiente? - A sua voz transparecia nojo.
- Aprendi a boa educação com os melhores. - Respondi ironicamente.
- Sempre te deram tudo aqueles dois que estão lá em baixo. O que devias fazer era desaparecer da nossa vida. - Disse ela exaltada.
- Eu prometo que desapareço depois da senhora! - Ri-me na cara dela.
- Insolente! Nunca devias ter nascido, o Isaac é suficiente! - Ouvi a porta da rua a bater.
- Quando é que morre? Vou ficar tão feliz no dia do seu enterro! - E com esta provocação saí do quarto. Tal como tinha previsto ela foi atrás de mim, estávamos no corredor, ela chamava-me deficiente, fui para o pé das escadas, os gritos faziam-se ouvir pela casa toda.
- Volta aqui deficiente! Seu cobarde. - Gritava ela.
- Pare de me chatear, eu não lhe fiz nada. - Respondia também alto.
- Vais rezar para não teres nascido! - Ameaçou ela.
Ouvi os passos a aproximarem-se no piso inferior, a velha agarrou-me e eu gritei.
- Não! Por favor não faça isto. Pare por favor! - Ela olhava para mim sem perceber nada, eu tinha-a agarrado para não me soltar, quando vi que se estavam a aproximar, lancei-me contra o vazio das escadas largando a velha, senti o impacto quando bati nos degraus e rolei escadas abaixo.
- Você tentou matar o meu irmão! - Foi a última coisa que ouvi do Isaac antes de desmaiar.
Acordei poucas horas depois no hospital, o Isaac estava sentado a olhar para mim.
- Como estás?
- Dorido, mas acho que bem! - De repente senti uma coisa que já não sentia há seis meses, comichão nas pernas, discretamente cocei, ele não percebeu.
- Eu sempre percebi que a avó nunca gostou muito de ti mas jamais pensei que fosse capaz de te matar. - Exprimiu ele o seu pensamento.
- Onde é que ela está? - Questionei interessado.
- No único sitio onde os loucos devem estar! - Respondeu rapidamente. - No hospício!
Por dentro senti uma enorme satisfação, confesso que até correra melhor do que esperava. Mas mesmo assim ainda não estava completamente agradado, ela merecia pior.
Mudando para um assunto mais interessante dele disse. - Parece que o encontro com a tua namorada tem de ficar para outro dia, lamento.
- Não há problema! Ela entende. - Depois sorriu.
Na minha cabeça só me passavam imagens da velha com roupas brancas e a gritar, tive vontade de rir mas não o fiz.
Nesse momento tomei uma decisão ...
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