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05. A Cadeira
Ela ficou estática a olhar para mim, mil pensamentos deviam percorrer-lhe o cérebro, eu estava nervoso, precisava da sua resposta.
- Sim, eu quero! - Respondeu esboçando um sorriso.
Fiquei feliz, éramos oficialmente namorados, beijei-a, de seguida levantei-me do sofá com ela ao colo e fui em direção ao quarto, pelo caminho trocámos mais beijos.
Quando entrámos no quarto fui para a cama e sentei-me, ela estava por cima de mim, lentamente fui abrindo o fecho do vestido, senti a sua pele, o seu aroma deixava-me louco de desejo, levantou-se e tirou o vestido, reparei que trazia uma provocante lingerie vermelha, fiquei de boca aberta a olhar para o seu corpo, enquanto se aproximava de mim subiu para o meu colo e empurrou-me contra os lençóis, senti a sua respiração no meu ouvido, fiquei arrepiado, ela foi descendo as mãos e desapertou-me as calças, era impossível resistir-lhe. Nessa noite cada um entregou-se de uma maneira muito mais intensa do que qualquer outra vez.
No dia seguinte, acordei com ela a dormir sobre o meu peito, acariciei os seus cabelos sentindo o seu perfume, nesse momento senti-me uma das pessoas mais completas, tinha casa própria, uma linda namorada e a oportunidade de voltar a dançar.
Tive pela primeira vez um momento de consciência profunda desde a primeira morte que cometera, interroguei-me o quanto era errado o que tinha feito, mas cheguei à conclusão que não me arrependia, todos mereceram. Prometi a mim próprio que a partir daquele dia iria ser uma pessoa diferente, mais tolerante dentro do possível.
- Bom dia! - Saudou ela com a sua voz de sono. - Porque não me acordaste?
- Estava a adorar ter-te nos meus braços. Transmites-me paz! - Admiti.
- Amo-te! - Confessou.
Depois de nos levantarmos e tomarmos um banho juntos, disse-lhe que iria contar ao meu irmão que já conseguia andar e que éramos namorados, ela apoiou totalmente. Liguei ao Isaac e pedi-lhe para ir ali a casa.
Enquanto esperávamos por ele ficámos abraçados no sofá a assistir a um filme, a cadeira de rodas estava ali perto. O filme estava quase no fim quando a campainha tocou.
- Estás pronto? - Quis saber ela.
- Sim! Podes abrir a porta, por favor? - Pedi.
Ela encaminhou-se para a entrada, pelo caminho só conseguia olhar para o seu corpo a bailar pela casa, a porta abriu-se e nesse exato momento a cara de surpresa do meu irmão foi impagável.
- Olá Isaac! Tudo bem contigo? - Questionou ela. - Entra!
- Olá ... Tu aqui? ... Sim estou bem, e tu? Há alguma coisa que me tenha escapado? - Perguntou um pouco baralhado, enquanto entrava.
- Mano, chega aqui! - Pedi.
- Olá, parece que tens alguma coisa para me contar ... - Insistiu ele.
Ambos se sentaram no sofá e revelei-lhe a novidade sobre nós, ele ficou mais eufórico do que o esperado, na opinião dele era fantástico dois irmãos namorarem duas irmãs. Perguntou-me quem é que já sabia e que tinha de revelar à Arya aquela grande novidade, sugeriu logo um jantar de casais, nós aceitámos.
- Mas não é tudo ... Tenho mais uma coisa para te contar ... - Fui interrompido logo por ele.
- Estás grávida Mirna? - Perguntou ele completamente entusiasmado.
Ambos nos metemos a rir e dissemos que não, depois a Mirna foi para o quarto para eu poder falar com o Isaac sozinho.
- Como bem sabes durante mais de seis meses fiz fisioterapia todos os dias, eu queria mesmo voltar a andar, eu lutei muito ...
- Aiden ... Vais andar para aí a dar voltas ou vais dizer logo o que tens a dizer? - Perguntou curioso.
- Pois, bem, eu ... - Nesse momento levantei-me do sofá e fiquei a olhar para ele.
Ele ficou em choque, não estava à espera daquela notícia, ficou simplesmente calado a olhar para mim. Perguntei-lhe se não tinha nada para me dizer, ele levantou-se, olhou-me de alto a baixo e revelou-me que já calculava, só estava à espera que eu lhe dissesse. Disse-me que suspeitava desde o dia em que decidira voltar para minha casa sozinho, eu neguei e disse-lhe que só tinha começado a andar há poucos dias, ele não acreditou, ficou magoado por não lhe ter contado no próprio dia, disse que precisava de tempo para pensar e saiu. Eu fiquei sem saber o que fazer, o Isaac era quase uma parte de mim, nunca tinha ficado sem ele, magoá-lo foi um erro grave.
Sentei-me no sofá sem saber o que fazer, poucos minutos depois a Mirna entrou na sala, contei-lhe o que se tinha passado e ela confortou-me, depois disse-me que precisava de ir trabalhar mas não me queria deixar ali sozinho, eu disse para ela ir, despedi-me com um beijo e saiu.
Durante a tarde recebi uma chamada da minha mãe, queria que fosse até ao centro de repouso porque tinha algo muito importante para me dizer, quis saber o que era mas não me disse. Peguei nas chaves do carro e sai pelo meu próprio pé, tinha deixado de vez a cadeira.
Quando cheguei ao centro e entrei reparei que estava lá o Isaac, a conversa seria com os dois, quando me viu não disse nada, simplesmente ficou a olhar, não conseguindo aguentar sem falar com ele, meti conversa.
- Olá, a mãe também te chamou?
- Se estou aqui é porque sim! - Respondeu friamente.
- Isaac eu juro-te que quando me mudei ainda não andava, acredita em mim, porra! - Implorei. - Desculpa se contei primeiro à Mirna mas estou louco por ela. - Confessei.
- Aiden falamos sobre isto depois! - Disse ele pondo fim ao assunto.
Entretanto o auxiliar tinha chegado e indicou-nos o caminho a seguir até ao jardim da clínica. Ela estava sentada num banco junto a uma árvore a ler um livro, quando nos viu ficou admirada por eu estar de pé, contei-lhe os pormenores enquanto o Isaac fazia cara feia, depois interrompeu e perguntou o que é que ela nos queria.
A expressão dela mudou, as palavras eram curtas, começou a contar-nos a nossa história desde crianças, o Isaac olhava para mim sem compreender a situação, por fim largou a notícia que eu já sabia, revelou que éramos adotados. O meu irmão ficou em estado de choque, sem compreender, eu limitei-me a fingir que estava a ouvir aquilo pela primeira vez. Como eu previra aquela notícia estava a dar cabo do Isaac, tremia por todos os lados, não conseguia falar, a respiração estava pesada.
- Isaac tem calma por favor, nada muda! - Tranquilizou-o. - Tenho muito para vos explicar mas primeiro deixem-me apresentar os vossos pais biológicos. - Depois acenou com uma mão para trás de nós.
A curiosidade inundou-me, quem seriam os meus verdadeiros pais, quais seriam os motivos para nos terem abandonado. Pela primeira vez estava nervoso e talvez com um pouco de medo, olhei nos olhos do Isaac, este virou a cabeça e viu primeiro que eu, a sua reação foi de absoluto choque, virei-me para tentar compreender e logo entendi.
- Vocês? - Aquilo tinha-me apanhado completamente de surpresa. O Isaac não aguentou e correu dali para fora.
Fim da segunda temporada
Primeiro Capítulo da Terceira Temporada, aqui
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