julho 10, 2016

04. Tréguas

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Cuidado com a escolha que fazes! Neste capítulo tu decides o rumo!

04. Tréguas

A Mirna apareceu a correr, quando viu a situação ficou perplexa, espreitou pela porta mas não observou ninguém, eu peguei nele e levei-o para o sofá, esta foi buscar a mala dos primeiros socorros enquanto eu o tentava acordar.
Imediatamente tive a certeza que aquilo tinha a ver com o dealer quando vi que num dos bolsos do seu casaco estava uma minúscula bolota com pó, tirei-a e guardei-a no meu bolso para a Mirna não a ver, peguei-lhe no pulso para sentir a pulsação e estava estável, ela voltou e trouxe vinagre, passou-me a garrafa e eu abri a tampa por baixo do seu nariz, em segundos abriu os olhos, tentou-se mexer mas gemeu com as dores, obriguei-o a ficar quieto enquanto ela preparava o algodão para limpar as feridas.
- Isto vai doer um bocadinho! - Avisou ela antes de encostar o algodão.
Depois das feridas todas limpas ele continuava em silêncio, a Mirna ainda tentou perceber o que lhe tinha acontecido e que devia ir ao hospital ver se estava tudo bem mas este só recusou com a cabeça. Momentos após terminar, recebeu uma chamada da sua melhor amiga, Ella, para se encontrar com esta porque tinha um assunto importante para lhe contar, perguntou-me se não me importava de nos deixar sozinhos e eu disse-lhe que não havia qualquer problema, até me iria dar jeito para ter uma conversa séria e definitiva com ele. Foi ao quarto buscar um casaco, deu-me um beijo e depois saiu.
- Agora nós vamos ter uma conversa! - Comecei. O Isaac desviou o olhar e fitou o chão. - Que porra é esta mano? - Questionei com a bolota na mão.
Eu não o podia deixar estragar a sua vida por isso fiz-lhe um ultimato onde ou aceitava a minha ajuda ou fazia queixa dele à polícia, ficou sem reação. Obriguei-o a contar quem o tinha espancado.
- Foi ... Foi ... - Gaguejava amedrontado. - Foi o dealer, o gajo não aceitou que pagasse depois e eu precisava da cena, queria ficar esquecido por uns momentos. - Não estava a acreditar naquilo. - Eu sei que errei e quero mudar, ajuda-me. - Implorou.
- Claro que te ajudo! - Prometi pondo-lhe a mão no ombro. - E tenho mais uma coisa para falar contigo ... - Se queria esclarecer tudo com ele eu tinha de contar meia verdade.
Revelei-lhe que me tinha levantado da cadeira de rodas não no dia em que lhe dissera mas sim dois dias antes, uma pequena mentira aceitável, fiz-lhe ver que eu não o queria incomodar mais, depois pedi desculpa e ele aceitou, demos um abraço e tudo voltou a ficar bem entre nós.
Logo de seguida quis que ele combinasse um encontro com o dealer, disse-lhe que ia devolver o que tinha tirado, ainda me tentou dissuadir mas eu tinha outros planos. A custo lá enviou uma mensagem a combinar na casa dos pais, como nenhum deles estava presente aquele era o local ideal para a minha ideia.
Antes de sair fui buscar uma almofada e um cobertor para ele descansar, depois pediu-me cuidado e eu respondi-lhe para ficar descansado.
Quando cheguei lá a casa, já com as luvas postas, deixei a porta da rua entreaberta, peguei numa frigideira que havia na cozinha e por fim escondi-me perto da entrada. Vinte minutos depois ouvi barulho no lado de fora, de seguida a porta da rua a deixar entrar mais luz dos candeeiros, espreitei para ver se era ele e quando tive a certeza esgueirei-me sorrateiramente pela sombra e num golpe certeiro bati-lhe na cabeça deixando-o inconsciente, com ele ali no chão dirigi-me à arrecadação e trouxe uma corda para o amarrar. Quando lhe prendi os pulsos, levantei-o em peso e arrastei-o para a rua, esta encontrava-se deserta e silenciosa, abri a bagageira do meu carro e meti-o lá dentro. Depois entrei no carro e arranquei rumo ao beco onde matara a Rose, algum tempo antes.
Quando lá cheguei sentei-o junto a um tubo e dei-lhe um pontapé entre as pernas que o fez acordar todo contorcido, por perceber que não me conhecia revelei-lhe quem era, cuspiu-me nos pés, rapidamente levou outro pontapé que o fez gemer de dor, ri-me da sua cara.
- Sabes o que é isto? - Perguntei mostrando a bolota. Ele olhava para a minha mão enquanto algumas lágrimas lhe caiam. - Por tua culpa o meu irmão meteu-se nesta merda mas se depender de mim termina hoje! - Sem perceber o que ia fazer, seguiu-me só com os olhos.
Rasguei um pouco a embalagem com uma chave e aproximei-me do seu rosto, tapei-lhe o nariz e enfiei-lhe a bolota pela garganta, depois tapei-lhe a boca para não cuspir, este tentava debater-se mas em vão.
- Parece que hoje é o teu fim! - Disse com um riso irónico.
Poucos minutos depois os seus olhos começaram a ficar vermelhos, pequenas convulsões surgiram, pela sua boca começou a sair uma espuma branca, a sua respiração tornou-se pesada, o corpo tremia mais rápido, momentos depois parou e deixou de se debater contra a droga, procurei a sua pulsação através da jugular mas não a senti, optei por lhe soltar os pulsos e deixá-lo caído junto ao tubo, todos pensariam que errara na dose e morrera por um erro estúpido. Peguei-lhe no telemóvel, por ser um número descartável era impossível de identificar, desliguei o aparelho e trouxe-o comigo mas antes ainda me despedi, depois voltei para casa.
Ao abrir a porta não ouvi qualquer barulho, o Isaac encontrava-se a dormir no sofá tranquilamente, dirigi-me para o quarto e reparei que a Mirna ainda não tinha chegado, decidi ligar-lhe e respondeu-me que estava quase a chegar. Despi a roupa ficando só com os boxers, vesti também uma manga à cava e sentei-me na cama à espera dela.
Acordei com os seus beijos algum tempo depois, vestiu o pijama e disse-me muito entusiasmada que a Ella estava grávida de um menino, depois acabámos por adormecer agarrados.
No dia seguinte despertei com uma chamada do meu telemóvel, eram os diretores do espetáculo a informarem-me que tinha sido escolhido para participar, fiquei radiante, ia voltar a dançar. Fiquei tão entusiasmado com a noticia que a acordei e revelei as novidades deixando-a eufórica.
Nesse momento tocaram à campainha, vestimos os robes e fomos para a sala ...

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