02. In Love
Sorri-lhe de volta, ele virou-se para o grupo e momentos depois estava a vir na nossa direção, o seu andar era suave mas seguro de si, as suas roupas também tinham mudado, trazia umas calças de ganga rasgadas nos joelhos e uma t-shirt branca daquelas compridas, por cima trazia uma camisa aberta com riscas vermelhas e azuis, na mão agarrava um casaco preto, enquanto passava algumas raparigas seguiam-no com o olhar. Quando chegou ao pé de nós falou-nos e ficou surpreendido por estarmos ali, de seguida elogiou-nos e fitou-me de cima a baixo, Mia voltou com a conversa do destino e depois agradeceu-lhe o almoço, eu fiz o mesmo mas antes ainda lhe disse que não tinha de o ter feito, ele olhou-me, sorriu e disse que tinha pago com todo o gosto.
- Desculpem estar a meter-me na vossa conversa mas já é a terceira vez que nos vemos, acho que poderiam trocar números … - Ela não poderia ser mais descarada, conseguia sempre surpreender-me. - E assim poderiam ficar amigos! - Depois fez aquele sorriso de santa como se não fosse nada com ela. No fim do concerto ia ouvir umas quantas.
Quando pensei que ele ia começar a fugir com medo da Mia fez o oposto e concordou com ela dizendo que era uma excelente ideia, fiquei de boca aberta a olhar para os dois. Reparei que o grupo dele nos observava, existiam algumas raparigas, talvez alguma fosse a namorada e disse que não poderia aceitar porque não queria arranjar-lhe problemas na relação, ele começou a rir, olhou para trás e disse que elas eram só amigas e a maior parte comprometidas, depois revelou que era solteiro, os olhos da Mia brilharam e fez-me um sorriso discreto mas que eu percebi bem as ideias dela, por fim lá aceitei e trocámos números, a seguir apontou-me o smartphone e disse-me para sorrir, tirou uma fotografia para o contacto, aproveitei e fiz o mesmo, agora tinha uma fotografia daquele homem que deixava as mulheres a babar. As portas abriram e a fila começou a andar, ele decidiu voltar para junto dos amigos mas antes ainda combinou um encontro connosco no fim do concerto, Mia aceitou pelas duas.
Estávamos perto do fim do concerto, Mia cantava e pulava, eu só pensava no Sam e no Patrick, o Sam era simpático, prestável e tinha um charme fora do comum, por outro lado o Patrick fora o rapaz com quem tivera mais tempo, com quem vivi mais aventuras, estava a ficar confusa, a altura que eu temia chegou precisamente naquele momento e a música do beijo começou a tocar, estranhamente apercebi-me que já não era amor que sentia mas sim uma amizade e uma habituação, revi os últimos dias e cheguei à conclusão que não agíamos como namorados. Fui arrancada dos meus pensamentos pelos berros estéricos da Mia a dizer que eu tinha sido a escolhida, não estava a perceber nada e ela disse que eles tinham sorteado alguém para ir ao palco cantar a última música com eles através do número dos lugares e que eu tinha sido a sortuda, fiquei sem reação.
- Não vou! - Disse muito tranquilamente, tendo uma ideia. Ia dando um pequeno ataque à Mia, a expressão dela foi de surpresa e choque.
- Como não vais? Mas… não.. tu vais… não, quer dizer… - Comecei a rir-me na cara dela e esta ficou a olhar-me confusa.
- Vais tu por mim! - Nesse momento ela começou a chorar e abraçou-me. - Olha que o teu futuro namorado está ali à tua espera, não borres a maquilhagem. - Ela parou logo de chorar, limpou os olhos e trocámos os bilhetes, agradeceu-me e foi ter com o segurança para entrar.
Eu gostava bastante do grupo mas a Mia tinha um fascínio completo com o Zack e aquela oportunidade poderia nunca mais acontecer, decidi dar-lhe um dia feliz depois de tudo o que ela já tinha feito por mim, ela era a irmã que eu nunca tive, fiquei até com uma lágrima no olho ao vê-la aos pulinhos a ir ter com o segurança. Fiquei nervosa com a reação dela em cima do palco, poderia desmaiar quando tivesse perto dele, agarrar-se e tentar beijá-lo, ela era uma caixinha de surpresas, decidi filmar aquele momento para ela recordar mais tarde. A Mia entrou pelo lado esquerdo com um microfone na mão, estava nervosa, já lhe conhecia os tiques, os quatro elementos do grupo deram-lhe um beijo na cara e ela retribuiu, depois chegou a vez do último, o seu crush, cumprimentou-a com um beijo mas esta não aguentou e deu-lhe um abraço como as crianças fazem quando veem o seu peluche favorito, ele riu-se, as miúdas ao meu lado rogavam-lhe pragas. A música arrancou e eles começaram a cantar, Mia estava calada a olhar para o Zack, ele aproximou-se dela e disse-lhe para cantar também, ela aceitou abanando a cabeça e quando começou fiquei de boca aberta a olhar, até tirei a imagem do ângulo correto com a surpresa, ela nunca tinha cantado assim ao pé de mim, ela quando cantava comigo soava muito pior, ali a voz dela ficava perfeita, reparei na surpresa do grupo a olharem para ela.
Depois do concerto terminar recebi uma mensagem da Mia a dizer para esperar por ela, ainda demorava uns quinze minutos, ia conhecer o backstage e depois tirar fotos com todos. Fui lentamente andando para a saída e sentei-me nas escadas do pavilhão, atrás de mim ouvi uma voz que eu já conhecia, ele tapou-me os olhos e perguntou quem era, eu ri-me e disse que era o meu rapaz elétrico, ele soltou uma gargalhada e foi para a minha frente, apresentou-me os seus amigos, fiquei a conhecer também o seu irmão, Sidney, era bonito mas o Sam ganhava sem discussões. Ele perguntou-me se a Mia ainda estava lá dentro e eu afirmei, as amigas dele que eram muito simpáticas estavam com um bocadinho de inveja. Sam perguntou-me se a Mia nunca pensou fazer uma audição e eu disse-lhe que aquilo tinha sido uma surpresa.
- Nós agora vamos a um bar aqui perto, por acaso não querem vir também? - Questionou Sam ao mesmo tempo que me olhava nos olhos.
- Eu vou ter de esperar por ela, obrigado pelo convite. - Disse tentando não ficar nervosa, a presença dele tinha um poder diferente sobre mim.
- Nós não temos pressa, podemos esperar … - Sorriu-me, fiquei na dúvida se ele não seria só mais um igual a tantos outros com uma conversa de engate. - O bar é muito porreiro, vem que não te arrependes … - Deixou a frase em aberto, fiquei curiosa com o que ele queria dizer com aquilo.
- Bar? Parece-me bem. Onde é? - A Mia vinha com um sorriso de orelha a orelha abraçada a algo que me era familiar.
Depois dela contar toda a experiência descobri que tinha tido a lata de pedir ao Zack a roupa que ele tinha vestido no concerto e que ele lhe tinha dado a t-shirt que cheirava a perfume e suor, a Mia estava ali toda satisfeita, mostrou também as fotos.
Por influência dela tinha aceite ir ao bar, os rapazes iam a falar de futebol, as raparigas rodeavam a Mia para saber mais pormenores do backstage e eu e o Sam íamos mais atrás em silêncio, comecei a sentir frio, tinha deixado o casaco no carro dela, esfregava os braços quando o vi a tirar o casaco preto e a cobrir-me as costas, agradeci e ele sorriu, era um cavalheiro, senti o seu perfume e adorei, era discreto mas marcante.
Pelo caminho ele perguntou-me o que tinha achado do concerto e eu confessei que não tinha estado muito atenta mas não queria revelar o motivo por isso mudei de assunto e perguntei-lhe pela audição no dia seguinte, ele estava muito confiante, fiquei a saber que era um pouco antes da hora de almoço.
Chegámos ao bar e devolvi-lhe o casaco agradecendo, cada um pediu a sua bebida e sentámos-nos numa mesa grande, a Mia continuava a falar do Zack e do seu corpo, ao que parecia ele tinha despido a roupa em frente dela ficando com o tronco nú, até tinha uma fotografia como prova, as restantes raparigas suspiravam. Eles estavam a falar sobre o derby no dia seguinte e a fazer apostas sobre quem iria vencer, o Sam conversava comigo sobre livros. Algum tempo depois reparei que numa das mesas do fundo estava o Patrick rodeado por duas miúdas, uma delas beijava-o, aquilo apesar de tudo incomodou-me e o Sam reparou, seguiu-me o olhar e perguntou-me se era um ex-namorado, contei-lhe tudo e senti-me muito mais tranquila, desabafar foi importante.
- Queres ir dar uma volta? - Sugeriu Sam passando-me o casaco para as mãos.
Aceitei e chamei a Mia para lhe dizer, quando viu que íamos os dois fez um sorriso e desejou-nos uma boa noite, ele percebeu e perguntou-me se ela tinha algum plano, eu optei por não responder, apenas saí e perguntei se ele vinha, quando estava a chegar à porta olhei para trás e ele chocou comigo, desequilibrei-me e ia caindo se ele não me puxasse para os braços dele, senti os músculos por baixo da camisa enquanto o seu cheiro me agradava o nariz, ele riu-se, eu sentia a minha cara a escaldar. Saímos para a rua e senti o frio, ele esfregou as mãos e aqueceu-as, aproximei-me dele e dei-lhe o braço, para ele ficar mais quente.
- Aqui fora está um gelo! - Constatei. Ele perguntou se me poderia levar a casa e eu aceitei.
Pelo caminho contei-lhe tudo sobre a minha vida, os relacionamentos que tive, os meus gostos, os meus defeitos e algumas qualidades, sentia que lhe podia confiar tudo que não iria revelar a ninguém, ele criticou o Patrick e elogiou-me, de seguida também me contou algumas coisas e fiquei a saber que a antiga namorada tinha morrido num acidente de viação há dois anos e que desde essa altura nunca mais se tinha apaixonado, fiquei com pena dele, não esperava uma informação tão pesada.
Quando chegámos a minha casa ele saiu do carro e segurou-me a porta para poder sair, ganhei coragem e perguntei-lhe se queria subir, ele ficou admirado mas aceitou, estacionou o carro e eu esperei por ele, queria compensá-lo por me ter ouvido, para além disso o assunto da namorada tinha-o afetado. Entrámos e apresentei-lhe a casa, lembrei-me que continuava com o casaco dele vestido mas não o tirei, era confortável e cheirava bem.
- Hayley … - Ele aproximou-se de mim, os seus olhos estavam fixos nos meus, a minha respiração estava ofegante, o coração batia acelerado, ele levantou a mão e deslizou-me uma madeixa para trás da orelha, senti os seus dedos a tocarem-me na face, arrepiei-me. - Deve ter sido o vento. - Disse-me tranquilamente.
Perguntei se estava pronto para a manhã do dia seguinte e ele afirmou, depois pedi-lhe para me cantar uma música, ele não estava à espera mas aceitou, quis saber o que eu queria ouvir e disse para ele me surpreender, sentámo-nos no sofá e ele começou a cantar Photograph, arrepiei-me mal começou, ele já tinha vivido o suficiente para transmitir a energia que a música precisava, o seu olhar tremia, a sua interpretação era sentida, não aguentei e caíram-me lágrimas, ele continuou enquanto me limpava as lágrimas com a sua mão, coloquei a minha por cima da dele e apertei-a, estava a ficar in love. Terminou a música e ficou a olhar para mim, elogiei-o e disse-lhe que ainda se habilitava a ganhar o concurso, ele riu-se.
- Reparei que tens aqui uma tatuagem no pulso de um livro aberto. O que significa? - Perguntou interessado.
- Tem dois significados, o primeiro e mais evidente é que tenho uma paixão enorme por literatura e o segundo é uma forma de me lembrar que sou dona da minha história e do meu futuro. - Ele ficou esclarecido e sorriu.
Fiquei curiosa e perguntei-lhe se tinha alguma, disse-me que tinha duas, levantou a calça e reparei numa pequena âncora no tornozelo direito, explicou-me que era uma homenagem ao pai que pertencia à marinha, depois despiu a camisa e levantou a manga da t-shirt, aí tinha uma pequena bússola, depois da morte da namorada ficou um pouco alterado e perdeu o rumo à vida, hoje já se encontrava nos eixos. Depois perguntou-me se tinha algum piercing e eu neguei, disse-lhe que a única coisa que tinha furado eram as orelhas para colocar brincos, pela forma como perguntou percebi que teria um, não estava era a perceber onde, quando lhe perguntei ele levantou a roupa e mostrou-me o seu mamilo esquerdo, fiquei hipnotizada com aquele corpo, era dono de um six pack bonito mas não excessivo, o peito também estava trabalhado, reparei que estava depilado, percebi que gostava de tratar da sua imagem, senti um calor na cara e ele começou a rir-se e baixou a roupa.
- Tens um corpo muito bonito. - Constatei, depois é que me apercebi que tinha dito aquilo em voz alta. Ele agradeceu e revelou-me que ia ao ginásio três vezes por semana.
Estava a ficar realmente interessada nele a ponto de o Patrick já não me importar, perguntei-lhe se aceitava fazer-me companhia num lanche madrugador, este aceitou, disse-lhe para ficar a ver televisão enquanto preparava tudo. Na cozinha enchi dois copos com sumo natural de laranja e preparei umas bolachas e umas sandes, peguei no tabuleiro e quando cheguei à sala deparei-me com ele a dormir no sofá, tinha uma figura angelical, pousei o tabuleiro na mesa de centro e fui buscar uma manta para o tapar, depois fiquei a observá-lo e a pensar se era possível termos alguma coisa.
Fui para o meu quarto, vesti o pijama e deixei o casaco dele junto à almofada, assim conseguia sentir o seu perfume. Estava a ficar apaixonada.
Próximo capítulo, aqui.
Estão a gostar? O que esperam que aconteça?
Ai, adoro!!! *.* romântica incurável como sou já se sabe... Mas como já te conheço já estou a antever que nem tudo vai ser um mar de rosas como tem sido até aqui...
ResponderEliminarEsta história é diferente! Aqui o amor é protagonista. E eu sou um anjo, alguma vez iria criar uma tempestade? =D
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