06. Semáforo Vermelho
Algumas semanas depois muito tinha acontecido, o Patrick após ter visto o episódio onde eu beijei o Sam apareceu lá em casa bêbado e tentou levar-me para a cama, estava-me a aleijar quando o meu salvador surgiu e lhe deu um murro, expulsando-o. Conheci os pais dele num jantar em casa deles, a Mia também tinha ido como namorada do Sidney, eles eram pessoas muito simples e humildes que só queriam a felicidade dos filhos apesar do dinheiro que tinham, estavam muito contentes pelo Sam ter encontrado alguém. Depois chegou a altura de o apresentar à minha mãe, sendo os meus pais separados e o meu progenitor ter desaparecido da minha vida há quase sete anos a única família direta era ela, atualmente morava com o meu padrasto, um homem muito correto. Para além disto tudo o Sam tinha chegado à final do concurso.
Eu, a Mia e a sua família estávamos no público há espera que anunciassem o vencedor, os nervos estavam ao rubro, ambos mereciam ganhar, eram excelentes cantores mas o Sam tinha já uma legião de miúdas em delírio com ele, algo que me deixava com ciúmes mas que estava a aprender a gerir, ele tinha de ganhar, o prémio era uma grande oportunidade. O momento decisivo tinha chegado, eles iam anunciar o vencedor, o envelope permanecia fechado nas mãos dos apresentadores, abriram-no e fizeram suspense.
- O grande vencedor é … - Começou um deles.
- Será o John ou o Sam? - Interrogou o outro ao público, as claques começaram a gritar pelo seu favorito.
- E o vencedor deste ano é … o Sam! - Revelaram em uníssono. Uma chuva de confetis saiu do teto enchendo todo o palco.
Gritei, pulei e festejei por ele, este tinha ficado em choque, estava parado enquanto à sua volta tudo acontecia, os apresentadores foram ter com ele e deram-lhe o troféu, ele estava ausente, só agradeceu e deixou-se ficar ali quieto, algo se estava a passar.
Depois do programa acabar esperei que terminasse a conversa com os jurados e fui ter com ele perguntando-lhe o que tinha, revelou-me que estes lhe tinham dito que os americanos estavam entusiasmados com a sua voz e que iriam querer uma tour brevemente, fiquei feliz, depois contou-me que ia desistir de tudo e dar o lugar ao John, fiquei sem perceber o motivo e pedi-lhe uma explicação, revelou-me que se fosse para a América gravar o disco teria de ficar longe de mim e não queria isso, fiquei pensativa ao ver que ele tinha razão, mas aquilo não era justificação, ele teria de lutar pelos seus sonhos.
- Tu tens de ir! - Afirmei. - Nunca me iria perdoar por te fazer ficar. - Confidenciei.
- A escolha é minha, eu tenho uma relação contigo e vou ficar. - Disse impondo a sua opinião.
Não o podia deixar cometer tal erro, ainda lhe disse que tinha de seguir o seu sonho mas este estava irredutível, por muito que me custasse disse-lhe que se esse era o problema terminávamos tudo ali, ficou sem saber o que dizer, tentou abraçar-me mas recusei, teria de ser forte para não chorar, reparei que os seus lindos olhos azuis estavam cobertos de lágrimas. Com o tempo aquilo seria o melhor para ele, desejei-lhe boa sorte, virei costas e corri dali para fora ouvido-o gritar o meu nome.
Cheguei a casa e deitei-me na cama a chorar, senti o seu cheiro numa das almofadas, em redor de mim vi as fotografias que fomos tirando, todas em momentos especiais, o jantar em casa dos pais, uma na praia, outra em frente à casa de gelados e muitas mais que nos marcaram. Estava com uma dor de cabeça gigante quando tocaram à campainha, devia ser ele e decidi não abrir, não queria que me visse assim, voltaram a tocar insistentemente e acabei por me levantar e ver quem era, espreitei pelo buraco e vi que era a Mia, abri a porta e agarrei-me aos seus braços a chorar.
- Calma Hayley. - Pediu-me tranquilamente. - Vamos entrar ...
Depois de lhe contar a nossa conversa, ela ficou com pena de mim e deu-me outro abraço, disse-me que já sabia que eu tinha um grande coração e que era capaz de abdicar da relação para ele ser feliz.
- Tens de dizer ao Sidney para vir cá buscar as coisas do Sam. - Pedi-lhe, chorando. - Mas porque não tentam uma relação à distância? Pode funcionar … - Sugeriu. Expliquei-lhe que não iria aguentar isso e ela compreendeu. - Tu deves estar onde o teu coração for feliz!
Fiquei a pensar naquela frase e ela tinha razão, eu devia ir com ele, contei os meus planos à Mia que ficou super empolgada, pegando logo numa mala para me guardar a roupa enquanto isso eu liguei à minha mãe a dar-lhe a notícia, ficou triste por não me ir despedir mas desejou-me boa sorte, depois comecei a ajudá-la com a mala. No fim peguei no portátil e abri no site da companhia aérea para comprar a passagem, reparei que no voo dele já não haviam bilhetes, decidi ir mais cedo para o aeroporto no dia seguinte e tentar a minha sorte enquanto procurava por ele.
Chegou naquele momento algo que me ia custar também, despedi-me da Mia, ela dizia que era pouco tempo e que em breve voltaria a ouvir os seus guinchos, disse que lhe ligava todos os dias, ela prometeu que faria o mesmo, depois abraçamo-nos. Antes dela sair dei-lhe uma chave para ir lá de vez em quando ver as coisas e regar as plantas, a minha mãe tinha outra. Depois resolvi dormir um pouco, meti o despertador para bem cedo e fui-me deitar com a esperança que o próximo dia seria melhor, adormeci.
Acordei sobressaltada, o despertador não tinha tocado, faltavam apenas duas horas para o avião dele partir, vesti-me à pressa, desliguei tudo, peguei na mala e levei-a para o carro. Liguei o rádio nas notícias para ouvir o trânsito, ia rápido para conseguir chegar a tempo, peguei no telemóvel para lhe ligar, chamou várias vezes mas estava impedido, já devia ter entrado no avião. Só pensava se iria chegar a tempo quando recebi uma mensagem, desviei o olhar para a ler e era da operadora a dizer que o número já estava disponível, liguei-lhe, foi chamando, há minha frente existia um cruzamento, ficou vermelho, não parei.
- Olá ... - A sua doce voz foi a penúltima coisa que ouvi antes da buzina do camião que colidiu na minha porta.
FIM
Como reagiram à surpresa final?
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